quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Exilados, Manuel Arouca

A grande mais-valia deste livro é a excelente caracterização histórica e social do período pós-25 de Abril. Mostra a forma como após a Revolução, o Partido Comunista ganhou grande poder em Portugal. Os bancos foram nacionalizados e muitos dos seus administradores presos sob a acusação de serem “fascistas”. O medo de perder todos os seus bens abateu-se sobre as classes mais altas da sociedade portuguesa. Várias pessoas viram as suas contas bancárias congeladas e saíram do país, levando os seus bens mais valiosos e restabelecendo-se noutros locais, confortavelmente, graças a dinheiro que tinham em bancos estrangeiros. Outras, que tinham todos os seus bens em Portugal, abandonaram o país sem nada terem. Em Angola, o terror abateu-se sobre os colonos brancos, generalizando-se a violência, à medida que a população branca ia abandonando precipitadamente a colónia.

Muitas destas pessoas, estabeleceram-se no Brasil, onde tentaram reconstruir as suas vidas. É o caso de Cecília, administradora de um banco, que após ter sido libertada da prisão parte pela Europa, em busca de apoios para criar um novo banco no Brasil. Aproveita a viagem para fugir das rígidas normas sociais de Lisboa e do seu marido, que não ama e que não foi expulso do banco, reunindo-se, no Brasil, às suas amigas de infância. Nesta terra, descobre uma sociedade muito mais aberta e animada.
Na minha opinião, o enredo em si é pouco original, forçado, chega mesmo a ser chato. A personagem principal está durante quase todo o livro num impasse, a hesitar e a tentar decidir se anda para a frente ou para trás. As personagens são simpáticas ou desagradáveis, mas bastante mornas. Não senti a alegria ou a dor de nenhuma delas, não me apaixonaram nem revoltaram.

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