sábado, 18 de fevereiro de 2012

Anjos na Neve, James Thompson




Sinopse: "O inspetor Kari Vaara é o protagonista deste romance que nos leva ao submundo violento e obscuro da Finlândia, onde a noite polar, kaamos, é a época mais lúgubre do ano. Quando uma bela imigrante somali aparece brutalmente mutilada num campo coberto de neve, com uma injúria racista gravada no ventre, Kari Vaara sabe que é crucial manter o crime em segredo, pois este seria um escândalo num país que convive mal com a sua xenofobia. Por outro lado, as exigências da investigação começam a afetar o seu próprio casamento - Kate, a atual mulher, norte-americana, adapta-se mal à cultura e ao modo de vida finlandês. E o próprio Vaara vê-se inesperadamente confrontado com o passado: as suas suspeitas sobre o assassino da jovem somali recaem no homem por quem a sua primeira mulher o trocou...".

Este livro é um excelente policial cuja acção decorre no norte da Finlândia, na Lapónia Finlandesa, durante o kaamos, isto é, durante a época de Inverno, em que é sempre noite. Como história policial, é das mais bizarras e complicadas que já li. Mantém o suspense até ao final. Sempre que achava que já sabia quem tinha cometido o crime e por que motivo acontecia alguma coisa que baralhava os dados todos. O mesmo ia acontecendo com o inspector, que viu a sua investigação dar grandes voltas e reviravoltas.

Por outro lado, o livro apresenta um olhar muito interessante sobre a sociedade e cultura da Finlândia. As descrições da geografia da região (que não são de modo algum exaustivas) são bastante apelativas. Fiquei com imensa vontade de visitá-la naquela altura do ano, e ver a Aurora Boreal e, sobretudo, os lagos gelados e a neve que reflecte a pouca luz existente e confere à paisagem tonalidades de cinzento claro - deve ser lindo!

Quanto às personagens, achei-as bastante realistas e humanas, com destaque para o inspector e para Kate. A escrita bastante fluente, os capítulos curtos, a estória contada num crescendo de suspense, tudo me levou a uma leitura compulsiva. Sem dúvida um livro a não perder e um autor a seguir.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Aurora Boreal, Åsa Larsson

Sinopse "O corpo de Viktor Strandgård, o pregador mais famoso da Suécia, jaz mutilado numa remota igreja de Kiruna, uma cidade do Norte submersa na eterna noite polar. A irmã da vítima encontrou o cadáver, e a sombra da suspeita paira sobre ela. Desesperada, pede ajuda à sua amiga de adolescência, a advogada Rebecka Martinsson, que vive em Estocolmo e regressa à sua cidade natal disposta a descobrir quem é o culpado. No decurso da investigação conta apenas com a cumplicidade de Anna-Maria Mella, uma inteligente e peculiar polícia grávida. Em Kiruna, muita gente tem algo a ocultar e a neve não tardará a tingir-se de sangue."


Mais um policial escandinavo que não é só mais um. Apesar de deixar algumas pontas soltas a história está bem construída e, sobretudo, bem narrada. A autora fez-me sentir fascinada pelas personagens e transmitiu na perfeição o espírito da comunidade onde tudo se passa. Fascinante também é o passado das personagens. A determinada altura da narrativa senti-me tão curiosa em relação ao mistério e ao autor do crime como em relação aos acontecimentos passados da vida das personagens. Estas, na sua maioria, não são aquele tipo de personagens que admiramos, mas são marcantes por serem tão revoltantes. Estou a referir-me, sobretudo, a Sanna e aos seus pais. Revoltante, igualmente, o papel da Igreja e dos seus pastores na comunidade e as suas acções. Talvez por causa destas situações (longe de serem ultrapassadas), o tom do livro seja um pouco melancólico. Contudo, acaba com uma nota de esperança, a meu ver.

Espero que o outro livro da autora resolva alguns dos assuntos deixados em aberto neste livro, ainda por cima passando-se no mesmo local, para além de ter a mesma protagonista.

Liebster Blog



Recebi este selinho do blog da Mira. Muito obrigada!
Vou oferecê-lo aos seguintes blogs:
Quero um livro
Lydo e Opinado
Andanças Medievais
Páginas Soltas
Uma Biblioteca Aberta
Convido todos a repassá-lo a outros cinco blogs com menos de 200 seguidores.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aquilo Que Eu Amava, Siri Hustvedt





Sinopse: "Nova Iorque, 1975. Numa galeria de arte, no Soho, Leo Hertzberg apaixona-se por um quadro, compra-o e decide procurar o seu autor, Bill Wechsler. O encontro entre eles vai dar início a uma amizade que vão manter até ao fim das suas vidas.


Pela voz de Leo, e com o universo altamente simbólico do competitivo e caprichoso meio artístico nova-iorquino como pano de fundo, é-nos desvelada uma história de paixão e tragédia que abarca vinte e cinco anos e envolve o narrador, a sua mulher, Erica, professora de Literatura, a amizade com o provocador Bill, a paixão que secretamente nutre pela musa e segunda mulher deste último, Violet, e os filhos de ambos, Matthew e Mark.


Uma intrincada constelação de ligações que permite a construção de um perturbante léxico de obsessões eróticas e insinuações de violência, à medida que a sua labiríntica história se desenrola e percorre as sinuosidades de um trajecto tão irremediável quanto humano. Ao juntar as vulgares tormentas da vida familiar, as sensibilidades acentuadas dos artistas e uma criminalidade grotesca e surpreendente, Siri Hustvedt leva a cabo uma reflexão sobre o lado negro dos laços familiares, da criatividade e do pesado fardo do amor."


É uma estória bastante densa e muito dura também, cheia de reflexões sobre a arte, a educação, os afectos, as subculturas, os distúrbios alimentares e de carácter, e sobre a vida em geral. As referências a estes temas, por vezes bastante longas, são muito interessantes e estão bem enquadradas, não tornando o livro maçudo. As personagens e as cenas são descritas de tal forma que consegui visualizá-las quase como se estivessem à minha frente. Da mesma forma, as personagens transmitiram-me os seus pensamentos e sentimentos na perfeição, em toda a sua complexidade. Este não é um livro leve nem divertido, mas a sua leitura foi bastante enriquecedora.