quarta-feira, 13 de outubro de 2010

In Nomine Dei, José Saramago

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Gostei muito deste peça de teatro. É passada no século XVII e descreve o percurso do protestantismo na cidade alemã de Munster. Descreve a tomada forçada das Igrejas pelos luteranos e a progressiva conquista do Conselho Municipal, assim como as chacinas protagonizadas por ambos os lados. Termina com o cerco da cidade pelos católicos.
Ao longo da peça vemos todo o tipo de aberrações, como homens que afirmam receber mensagens directamente vindas de Deus. E os outros acreditam (!) e, desse modo, são obedecidos e respeitados incondicionalmente. O objectivo tanto de católicos como de protestantes e colocar a cidade no caminho de Deus, o que só pode ser feito matando e expulsando todas as pessoas com crenças diferentes, neste caso, apenas ligeiramente diferentes mesmo. A tolerância e a compaixão são introduzida na obra apenas pelas mulheres. Quanto aos homens, todos acreditam que Deus quer que exterminem os seus inimigos, que são também os inimigos de Deus!
Um aspecto que me surpreendeu e me chocou foi o facto de a maioria das personagens acreditarem de tal modo na sua religião que quase todas preferiram morrer a renunciar a ela. Estou-me a lembrar por exemplo de uma mulher que tentou matar o bispo católico, sabendo de antemão que logo que o conseguisse seria ela também morta. Que as pessoas usassem a fé para subir socialmente e apoderar-se do poder é o que mais se vê e acho que já não surpreende ninguém, agora as pessoas morrerem por não querer negar as suas crenças é uma coisa que não me cabe na cabeça.

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