sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Crime do Padre Amaro - Eça de Queirós

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A obra conta-nos o amor vivido entre o Padre Amaro e Amélia, na Leiria do século XIX. Quando sai do seminário, o jovem Padre é colocado numa paróquia de uma serra remota, numa aldeia onde a maioria das pessoas eram pobres pastores. Aí, pela primeira vez, questiona a sua vocação, apercebendo-se de que seguira a vida religiosa apenas por influência de uma marquesa, de que fora protegido e graças aos contactos que ainda tinha na alta sociedade lisboeta, consegue transferir-se para Leiria, uma das paróquias disponíveis com maior população e mais alto nível de vida. Hospeda-se em casa da “Senhora Joaneira”, deslumbrando-se, desde logo, com a beleza da sua filha, Amélia, e gozando todos os confortos que as duas mulheres lhe proporcionam. Ao mesmo tempo, vai crescendo uma forte amizade entre Amaro e Amélia, que rapidamente se transforma num romance tórrido, pontuado por obstáculos que o casal vai tentando ultrapassar.
Ao longo do desenrolar da trama, o autor vai-nos revelando várias facetas da sociedade da época. São particularmente notórios a hipocrisia dos membros da Igreja, que embora preguem em nome de Deus, cometem as maiores imoralidades e crueldades, e o envelhecimento e ignorância da comunidade religiosa, composta, essencialmente, por velhas beatas que, tal como Amélia, não resistem à simpatia e beleza do “senhor pároco”, que aparece aos seus olhos como um anjo.
Na minha opinião, trata-se de uma obra divinal. A crítica social e, sobretudo, religiosa está muito bem conseguida. Muitos dos diálogos entre padres e as suas acções são de tal forma contraditórios ao que apregoam que chegam a ser hilariantes. Encerra um romance empolgante, extraordinário, arrebatado e arrebatador. Conseguiu prender-me desde o início, dando eu por mim a torcer, logo após algumas páginas, pela Amélia e pelo Padre Amaro. “Entrei” mesmo “dentro do livro” e adorei-o.
Este é um dos livros que mais me fascinou. A história de Amélia e do Padre Amaro não me saiu da cabeça durante os poucos dias que demorei a ler o livro nem nos dias seguintes e quando, por algum motivo, penso nele (o que ocorre não raras vezes), não consigo fazê-lo sem sentir um certo deslumbramento. É, até ao momento, o meu livro preferido. Confirma, sem dúvida, Eça de Queirós um dos maiores escritores portugueses.
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Classificação: 6/6
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3 comentários:

  1. Gostei muito deste novo espaço...Parabéns.

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  2. E aqui encontro o terceiro escritor português preferido! ;)
    Ainda não li este, porque já vi duas adaptações para cinema e por isso fui deixando-o para trás.

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